Véspera de Eleição no Interior
Xiko Mendes
Política em meu
país é balcão de negócios.
E na cidade de LEXIKÓPOLIS discute-se
Quem deve ser o próximo prefeito.
Partidos e caciques
se reúnem na calada da noite;
Tramam acordos nos
bastidores,
Conspiram ao pé do
fogão
E riem do povo nos
fundos de quintal.
Tudo já está
decidido: já sabem
Quem serão os
candidatos a vereador,
E quais serão
indicados para prefeito e vice,
Mas fingem para o
povo, indiferente e omisso,
Que somos uma
Democracia.
Somos, sim, uma
democracia;
Porém, somos a democracia plutocrática:
Aquela em que o
status e o poder são determinados
Pelo uso e abuso do
poder econômico na eleição;
Somos a
“democracia” dos compradores de voto.
Somos a
“democracia” dos enganadores do Povo.
Somos a
“democracia” dos eleitores coniventes.
Estamos em véspera de escolha dos
candidatos.
Cada um mente mais
que o outro e promete mais que o outro.
Nesse “vestibular da hipocrisia” quem perde é
sempre o eleitor.
É o hospital ou o
posto de saúde que não funciona;
É a estrada cheia
de buracos no meio do caminho;
É a escola sem
merenda, sem reforma e sem projeto pedagógico;
É a obra inacabada,
mas com licitação fraudada por
Um bando de ladrões
dos cofres públicos;
É o vereador que
não vota a favor do Povo, mas
Sempre a favor do
governo municipal que lhe dá propina;
Enfim, entre uma
eleição e outra tudo se mantém como antes.
E o povo aplaudindo, sonhando, renovando
esperanças...
E frustrando-se
constantemente.
Mas enquanto esse
povo não acordar e
Perceber que ele é
sempre o bobo da corte,
Essa bela e
histórica cidade de LEXIKÓPOLIS
Continuará
anestesiada pela demagogia dos pilantras da Política.
O povo precisa
conscientizar-se de que ele é o Sujeito da História,
É o ator principal
no palco da Política.
Democracia sem emprego,
Democracia sem ética e liberdade de
expressão,
Democracia sem participação popular,
Democracia sem justiça social,
Democracia sem educação e saúde dignas
Pode ser qualquer coisa,
Menos que seja o governo do
Povo.
VIVA LEXIKÓPOLIS (!): a cidade onde a
palavra
Ainda não é
porta-voz de quem sonha, livre e soberano,
Nas praças, nas
escolas, nas igrejas, na consciência e nas urnas.
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