quarta-feira, 22 de julho de 2009

HISTÓRIA DO RIO SÃO BARTOLOMEU (E PLANALTINA - DF)

A Bacia do SÃO BARTOLOMEU Antes e Depois de BRASÍLIA

AUTOR: Professor e historiador XIKO MENDES

Patrocinadores: Fundação Banco do Brasil (FBB), Fundação Pró-Natureza (Funatura),
Brasília – DF , 2009.

Observação prévia: É livre a reprodução deste fascículo desde que citada nominalmente a fonte. Quem assim não o fizer responderá por crime de direito autoral previsto no Artigo 84 do Código Penal e na Lei Federal 9.610 de 1998. Este texto faz parte de um volume editado sob responsabilidade da FUNATURA.

APRESENTAÇÃO

O rico e vastíssimo vale do rio São Bartolomeu, desde os tempos coloniais, era rota de mineradores, tropeiros e outros tantos aventureiros do sertão que deslocavam do Litoral e da Europa em busca de ouro em Goiás e Mato Grosso. Logo no início da República, a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil – Missão Cruls, atendendo ao disposto no artigo 3º da Constituição Federal de 1891, realizou criteriosos estudos sobre o território que hoje pertence ao Distrito Federal e parte de seu Entorno. O Relatório Cruls dedicou substancial atenção ao Vale do São Bartolomeu como instrumento vital no processo de transferência da Capital Federal para o Planalto Central.

Em 15 de setembro de 1959 – há cinqüenta anos – o LAGO PARANOÁ, cujas águas se deslocam para o rio São Bartolomeu, começava a ser represado para incorporar-se definitivamente à paisagem urbana do Plano Piloto desenhando por Lúcio Costa e projetado por Oscar Niemeyer.
O texto que segue neste fascículo é parte de ampla pesquisa executada sob coordenação da FUNDAÇÃO PRÓ-NATUREZA (Funatura) sob encomenda da Fundação Banco do Brasil dirigida pelo Sr. Jacques Pena. Essas entidades desenvolvem em parceria a elaboração de um DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO SÃO BARTOLOMEU por meio do trabalho de uma equipe multidisciplinar da qual tive a honra de participar como pesquisador contratado. Este fascículo é o resultado da nossa contribuição a esse diagnóstico. Façam bom proveito!

A BACIA DO SÃO BARTOLOMEU
ANTES E DEPOIS DE BRASÍLIA

Há 130 milhões de anos já no final da Era Mesozóica toda a região do Cerrado ainda era mar. A terra se mexe. Empurra o mar. O clima fica seco. Surge um grande deserto. Muito tempo depois, há 60 milhões de anos, voltou a chover torrencialmente. E o clima, modificado, tornou-se mais úmido. Água, Sol, ar e terra, numa harmonia “cósmica”, dão origem ao Cerrado.
A estrutura geológica que deu origem a este importante ecossistema do Brasil Central está associada a diferentes tipos de rochas como granito, arenito, ardósia, quartzito, xisto e em algumas situações basalto e calcário, e também à natural decomposição de matéria orgânica. O nascimento do Cerrado é resultante de um longo processo de escleromorfismo oligotrófico (MENDES, 2007: 116).

É nessa região do Cerrado brasileiro que está o rio São Bartolomeu, situado na parte centro-leste do Distrito Federal e no sudeste do Estado de Goiás. Em 1824, o historiador Cunha Matos assim o descreveu: “nasce pouco distante e ao sul da Lagoa Formosa (Bonita ou Mestre d’Armas), e recebendo as águas da face ocidental da Serra Geral, entra no Corumbá pouco acima da confluência deste com o Piracanjuba...” (1979: 49).
Suas águas são levadas até o Paranaíba – divisa Minas/Goiás – e chegam ao oceano Atlântico percorrendo quase toda a Bacia Platina. Do ponto de vista geológico, a região banhada pelo São Bartolomeu pertence à Formação Canastra, apresenta solos pré-cambrianos com 1,4 bilhões de anos e solos quaternários com idade de 70 milhões. Para preservar sua fauna e flora foi criada a APA (área de proteção ambiental) do Rio São Bartolomeu pelo decreto federal nº: 88.940 de sete de novembro de 1983 cuja área tem cerca de 84.100 hectares (GDF/SEMARH, 2006).
Como essa região integra o Planalto Central, estudos arqueológicos recentes apontam que desde doze mil anos há a existência de populações humanas cerratensis. Indígenas como Crixás, Pena Branca e Caiapós viveram na região em tempos coloniais (BERTRAN, 1994: 3-6, 11). No Baixo São Bartolomeu, dentro do Município de Cristalina – GO, há registros de inscrições rupestres com idade aproximada entre seis e quatro mil anos.
O naturalista francês A. Saint-Hilaire, vindo de Paracatu para Luziânia em 1819, fala de um São Bartolomeu onde o meio ambiente ribeirinho ainda estava completamente intacto ao contrário de hoje quando a natureza vai dando lugar a paisagens antrópicas e solitárias, assoreamentos e outros impactos socioambientais:
Depois de descer do Planalto [...] cheguei a uma fazenda aprazivelmente situada à beira do Riacho Frio, que é orlado de árvores. Foi ali que parei. O Riacho Frio tem sua nascente a pouca distância da fazenda do mesmo nome e vai desaguar no rio São Bartolomeu, que atravessei a cerca de uma légua dali... Esse rio que tem pouca largura e dá passagem a pé na época da seca, só pode ser atravessado de canoa na estação das chuvas. Nessas ocasiões suas águas causam febres intermitentes, provavelmente porque ao engrossarem e se espalharem pelas terras, arrastam consigo as águas estagnadas dos pântanos” (SAINT-HILAIRE, 1975:23).
O grande vale do São Bartolomeu é historicamente dividido em duas importantes áreas de ocupação: a Região de Santa Luzia (atual Luziânia – GO), que tem suas origens determinadas pela mineração de ouro e cristal de quartzo; e a Região de Mestre d’Armas (Planaltina – DF e adjacências) cuja formação está associada ao desenvolvimento da agropecuária.

5.1 – O São Bartolomeu no Contexto Regional

O processo de ocupação branca no vale do São Bartolomeu está diretamente relacionado com a descoberta de ouro no Centro-oeste do Brasil. Atendendo aos interesses da política mercantilista da Coroa Portuguesa, várias entradas e bandeiras penetraram essa região em busca do precioso metal. Já na década de 1590, os bandeirantes Domingos Luiz Grou e Antônio Macedo, logo seguidos pela bandeira de Sebastião Marinho, e pela de Domingos Rodrigues saíram do litoral e registraram informações sobre o Sertão dos Goiases (POLONIAL, 2006: 13).
Entre 1602 e 1604 Nicolau Barreto passou por Paracatu-MG e foi até o Vão do Paranã (bacia do Tocantins) conforme relato documentado pelo padre Antônio Araújo. Como a bacia do São Bartolomeu está no meio desse caminho, é bem possível que ele tenha feito sua travessia (BERTRAN, 1994: 34). Outros bandeirantes como Belchior Dias Carneiro (1607), Martins Rodrigues (1608-1613) e, principalmente, André Fernandes (1613-1615), segundo teses do historiador paulista Manoel Rodrigues Ferreira corroboradas por pesquisas recentes, também andaram pelo vale do rio São Bartolomeu (1994: 39-47). Lázaro da Costa e Antônio Pedroso de Alvarenga (1615-1618), e Francisco Lopes Buenavides (1665-1666), percorreram o território goiano, ambos igualmente provenientes de São Paulo, e usando parte do itinerário das bandeiras anteriores aqui citadas.
Entre as décadas de 1670/80 duas expedições organizadas por Bartolomeu Bueno da Silva (pai) – o Anhanguera, acompanhado por Sebastião Paes de Barros e depois por Manoel Campos Bicudo, partiram de São Paulo em direção a Goiás. Neste meio tempo, Fernão Dias Paes Leme percorre os sertões de Minas Gerais, e Matias Cardoso de Almeida toma posse do Médio São Francisco. Em 1694 é encontrado ouro em território mineiro, e em 1719, em Mato Grosso.
Por fim, a bandeira que faz a descoberta do ouro em Goiás em 26 de julho de 1725, organizada por Bartolomeu Bueno da Silva Filho atravessou o rio Paranaíba, passou pela bacia do Corumbá e, sem nenhuma dúvida, ela é a primeira a reconhecer o território banhado pelo São Bartolomeu conforme roteiro documentado pelo cronista da expedição, José Peixoto da Silva Braga, depois interpretado por Diogo de Vasconcelos e Paulo Bertran (1994: 48, 56).
Anhanguera Filho funda o Arraial de Santana, depois Vila Boa (ou Buena) – a atual Goiás Velho – iniciando a colonização de Goiás. Na década de 1730, os bandeirantes Urbano do Couto Menezes e Manoel Rodrigues Tomar consolidam a ocupação portuguesa para além do Meridiano de Tordesilhas. Surgem povoações como Meia Ponte (Pirinópolis), Cavalcanti, Niquelândia, entre outras. Goiás torna-se capitania autônoma desmembrada de São Paulo, e com governo próprio a partir de 1749 (POLONIAL, 2006: 27).

5.2 – Viajando pela história do Baixo São Bartolomeu

A história do vale do São Bartolomeu é também a história de Santa Luzia, pois é a partir dessa cidade que surgem outras atualmente na mesma região hidrográfica. E este rio (assim como o São Marcos) fica defronte aos limites com Minas Gerais. É de Minas que se inicia o seu povoamento. Desde meados da década de 1720 já havia fazendeiros com registro de sesmarias no alto rio Paracatu. Em 24/6 de 1744 é oficializada a descoberta de ouro em Paracatu-MG pelas bandeiras de Felisberto Caldeira Brant, proveniente de Goiás, e José Rodrigues Fróis, que veio da Bahia (BARBOSA, 1971: 338-339).
Um pouco antes, em 1736, as estradas reais Picada da Bahia e Picada de Goiás são oficializadas por D. João V, ambas vindo do litoral com destino ao Centro-Oeste e tendo as minas paracatuenses como trevo de passagem (MELLO, 2002: 109-115). Essas estradas atravessavam o S. Bartolomeu. É procedente de Paracatu, talvez pela elevada competição entre mineradores na garimpagem de suas lavras, que sai a expedição de um bandeirante paulista no final de 1746 cujo desfecho é a descoberta de ouro no Baixo São Bartolomeu conforme veremos a seguir:
Antônio Bueno de Azevedo, ou porque considerasse que as minas auríferas de Santo Antônio de Paracatu onde se achava estabelecido não produziam as riquezas por ele vistas em seus sonhos dourados e romanescos, ou porque quisesse prosseguir nos trabalhos de exploração que seu pai, Capitão-Mor Francisco Correa de Lima e outros tinham começado em 1733, no meado de 1746 formou naquelas minas uma grande bandeira de patrícios, amigos e escravos seus e deles, e colocando-se à frente dela, marchou ao rumo ocidental, e atravessando a Serra de Lourenço Castanho, o rio São Marcos, as vastas campinas, largos buritizais e medonhos tremedais que demoram aquém daquele rio, e o ribeirão Arrependidos, a 24 fez algo à margem de um outro rio a quem, em honra do Santo, deu o nome de São Bartolomeu.
Conhecendo, pelas explorações a que procedeu, que o território por ele pisado era rico de ouro, e que o de além rio ainda mais rico era; que os matos eram férteis e os campos cobertos de ubérrima pastagem, e considerando que estava em uma paragem inteiramente erma, somente conhecida pelas tribos indígenas que, alarmadas, conservavam-se em respeitosa distância; resolveu-se a fundar uma fazenda de lavoura que, no presente, lhe desse os meios de subsistência nos trabalhos de mineração que ia encetar e, no futuro, prestasse recursos aos viajantes da estrada que o Governador da Capitania de Minas Gerais pretendia abrir para Goiás.
Ereta uma elevada cruz em uma disfarçada colina que próxima ficava, levantando o arranchamento e arroteado o terreno destinado à seara, à margem de um riacho a que deu a denominação de Riacho Frio, feita a plantação em setembro e cultivada em novembro, Bueno, [...], partiu para o rumo sudoeste a onze de dezembro, e chegando a treze [do mesmo mês de 1746] à praia de um lindo riacho, mandou lavar um pouco de areia corrida cuja vista lhe agradou, e tamanha foi a quantidade de ouro que brilhou ante os seus olhos ávidos e ambiciosos que, por momentos, desvairou-se-lhe a razão inteligente e esclarecida.
Duvidando do que viu, mandou Bueno repetir a operação uma e muitas vezes, e tanto ouro em granitos e palheta cobriu o fundo da espaçosa bateia, que o ilustre paulista, grato e reconhecido, baixando os joelhos à terra e elevando as mãos ao céu, agradeceu, comovido, a graça que Deus houve por bem fazer a ele, [...], e invocando a Santa Luzia, [...], suplicou-lhe para que em honra do dia em que é comemorada, aceitasse o Padroado da Povoação que ele ia fundar sob os auspícios de seu glorioso nome
” (ÁLVARES, 1979: 11-13).

A partir de 1746, portanto, começa o povoamento da bacia do São Bartolomeu com exploração de ouro no rio Vermelho, que é seu afluente, e no Ribeirão Palmital, que deságua no Corumbá (banco de cascalho, em língua indígena). Luziânia ou Santa Luzia (seu nome primitivo) é o pólo central desse processo de colonização primária. Em seu extenso território surgiram ao longo dos séculos as cidades de Planaltina, Cristalina, Sobradinho, São Sebastião, Paranoá e Cidade Ocidental, todas localizadas na bacia do São Bartolomeu, além de outras de Goiás e de Brasília.
Antônio Bueno de Azevedo, paulista de São João de Atibaia e casado com dona Maria da Rocha Bueno, fixou-se na Fazenda Riacho Frio. Dali comandou o desenvolvimento da área entre o Corumbá e o São Bartolomeu até o falecimento em 12 de maio de 1771. Morreu pobre, abandonado, sem filhos (1979: 101); e cinqüenta anos depois, sua fazenda, que hoje está dentro do Município de Cristalina, foi assim descrita por Saint-Hilaire:
“...
A Fazenda do Riacho Frio é bastante extensa para os padrões da região. Não obstante, a casa do proprietário, coberta de palha, difere pouco da dos escravos. Na época era propriedade comum de algumas moças e de um homem bastante jovem [...]” (SAINT-HILAIRE, 1975:23).
Não obstante o triste fim de seu fundador, o Arraial de Santa Luzia logo se expandiu abençoado na primeira missa celebrada em março de 1748 pelo padre Luiz da Gama Mendonça (BERTRAN, 1994: 106). Já na primeira década apresentava uma população de dez mil habitantes composta dos mais variados tipos de aventureiros do sertão que para lá eram deslocados a fim de enriquecer com a mineração. A Ouvidoria da Comarca de Vila Boa (Goiás Velho) por portaria de 30 de outubro de 1749 cria o Julgado de Santa Luzia. E em 21 de outubro de 1756 o arraial é elevado à sede de paróquia. Esses atos tornam-se o ponto de partida para organizar a sua administração e as instituições de poder sobre o vale do São Bartolomeu
(ÁLVARES, 1979: 23, 42).

Santa Luzia prospera com o ciclo do ouro, que é transportado ao Rio de Janeiro e à Bahia para locupletar o bolso dos europeus. Três Bicas, Cubango, Limoeiro, Maravilha, Cruzeiro, Pamplona, Palmital... Essas e tantas outras lavras se tornaram famosas em Santa Luzia como pólos mineradores do São Bartolomeu e do Corumbá. A riqueza era tanta que um barão do ouro, Coronel José Pereira Lisboa, impôs às suas centenas de escravos durante dois anos o penoso trabalho de abrir um rego de 42 quilômetros, que por décadas transportou água das cabeceiras do ribeirão Saia Velha (próximo à Cidade Ocidental) até o centro de Luziânia onde estava uma de suas lavras, em pleno ano de 1770 (1979: 93).
O preço dessa prosperidade foi tão alto não só aos negros como também aos índios que uma localidade de Luziânia chama-se Deus me Livre porque ali houve uma cruel matança de tribo indígena (BERTRAN, 1994: 108). Mas, nessa década de 1770, segundo Cunha Matos (1979: 79), a mineração goiana (Santa Luzia incluída), entra em fase de decadência. A economia tão próspera no vale do São Bartolomeu começa substituir o ouro pela agropecuária como nova opção de desenvolvimento.
No início do século XIX, essa transição econômica é registrada pelos inúmeros viajantes estrangeiros que se hospedaram nesse arraial como o já e sempre citado Saint-Hilaire, por exemplo:
A localização de Santa Luzia numa região elevada torna as suas terras propícias não apenas aos vários tipos de cultura a que estão habituados os brasileiros do interior, como também ao cultivo de plantas [...], sobretudo o marmeleiro. [...]. Os principais artigos que os habitantes exportam são peles de animais selvagens, couros e, sobretudo, marmelos cristalizados, de excelente qualidade, que são enviados ao Rio de Janeiro. É a criação de gado que constitui atualmente a fonte de renda mais segura dos fazendeiros de Santa Luzia...” (1975: 26).
Embora tivesse apenas quatro mil moradores em 1819 – como atesta Saint-Hilaire, aos poucos Santa Luzia retoma seu ritmo de crescimento. Em 1824 tinha quatro ruas principais, duzentos setenta e oito casas, cadeia e casa do Conselho, “muita indústria em tecelagem e os melhores marmelos da Província” (CUNHA MATOS, 1979: 37). Em sete de abril de 1834, Santa Luzia é elevada à categoria de Vila, e permanece subordinada à Comarca de Vila Boa. Mais tarde, por imposição de lei provincial de 19 de julho de 1850, passa para a jurisdição da Comarca do Rio Corumbá com sede em Bonfim.
Finalmente, em cinco de outubro de 1867, Santa Luzia é elevada à categoria de Cidade pela Resolução Provincial nº: 393. Doravante, esse município consolida-se e confirma em definitivo o seu lugar como matriz pioneira de desenvolvimento da Bacia do São Bartolomeu, mas com uma população ainda pequena; menos de sete mil pessoas em 1872 (POLONIAL, 2006: 49).
Dona de um imenso território com quase 400 Km de extensão, Santa Luzia foi gradativamente perdendo áreas, primeiro com a emancipação política de Formosa em 1843, depois com a de Mestre d’Armas, em 1892 (JACINTHO, 1979: 21). Neste ano, recepcionou a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil que veio ao centro de Goiás fazer estudos de viabilidade geoeconômica para a transferência da Capital Federal cujo relatório é publicado em 1894 conforme previsto no artigo 3º incluído na Constituição republicana de 1891 pelo deputado catarinense Lauro Müller (MENDES, 1995: 16-22).
No final do século XIX, começa a prosperar no território de Santa Luzia um novo ciclo de mineração que dará origem a um novo arraial, também localizado no Baixo São Bartolomeu. Sobre ele escreveu Cunha Matos, em 1824: “... no Distrito deste arraial existe a famosa Serra dos Cristais donde se tiram brancos e amarelos, e alguns vermelhos, em muita quantidade” (1979: 37-38, 61). Na “Relação das Couzas Mais Notáveis e Notícia Formal destas Minas do Julgado de Santa Luzia” já era registrada, desde 1783, a existência desses cristais (BERTRAN, 1994: 202).
Porém, somente entre 1879-1880 e por iniciativa de dois franceses residentes em Paracatu, Etiene Lepesquer e Leon Laboissiére, que de fato se inicia o Arraial de Serra Velha, associado ao processo de extração de cristal. Vários garimpeiros vindos de Bagagem (atual Estrela do Sul, no Triângulo Mineiro) e também da Alemanha como as famílias Mohn, Leyser, Edinger, etc tornaram-se pioneiras do povoamento. A riqueza atraiu diversos bandidos: Berlamino Cortês, João Matador, Juca Dente de Ouro, Zé Mangabeira, Quintino Barnabé e tantos outros espalharam o terror no vale do São Bartolomeu. A necessidade de acabar com essa violência aliada ao interesse econômico dos coronéis da região fez com que na localidade fosse criado o Distrito de São Sebastião dos Cristais em 1901. Por meio da Lei Estadual nº: 533 de 18 de julho de 1916, esse distrito tornou-se Município desmembrando-se de Santa Luzia. E em 1943 passou a ser chamado de Cristalina (MOHN, 1983: 12-15).
Santa Luzia, renomeada para Luziânia (também em 1943), entrou no século XX comprometida com o sonho de ver realizar-se em seu território a construção de Brasília. Em 1921 seu povo abre com foice, enxadão e machado a primeira estrada de rodagem da região e inaugura a primeira linha de automóveis ligando esse município com Cristalina, Planaltina e Formosa. Em 1928, a Prefeitura contrata a empresa “Sociedade de Colonização do Planalto da República” para distribuir lotes gratuitamente a quem se dispusesse a morar no futuro Distrito Federal. No mesmo ano, em 26 de junho, aprova-se a Lei Municipal nº: 15, que dispôs sobre a doação de terra para constituir-se o DF.
No final de 1955, Jorge Pelles e Jerônimo José da Silva, (dois imigrantes), compram a Fazenda Guará (4.870 hectares), que é escriturada visando destiná-la à construção de Brasília. Diversos intelectuais residentes em Luziânia, entre os quais Americano do Brasil – como veremos mais adiante nesse ensaio, levantam a bandeira da transferência da Capital logo após a vinda da Missão Cruls. Em 13 de fevereiro de 1956, menos de dois meses após a posse de Juscelino Kubitschek como Presidente da República, a Prefeitura de Luziânia nomeia seu escritor Gelmires Reis para presidir uma comissão de cooperação do Município pela mudança da Capital do país. E em 1958 começa a funcionar linha de ônibus entre Luziânia e Brasília ainda em construção (CCLRC).
Inaugurada em 1960, Brasília trouxe progresso e problemas para Luziânia. Quatro décadas depois, esse município viu nascer várias outras cidades desmembradas de seu território por causa do crescimento demográfico estimulado pela proximidade com o Distrito Federal. Uma delas é o município de Cidade Ocidental, localizado na divisa interestadual, na área do ribeirão Saia Velha, afluente do São Bartolomeu (GOIÁS: 2004, 31). Nessa região está localizada a comunidade do Mesquita (negros quilombolas), em área da antiga fazenda pertencente ao Sargento-mor José Correa de Mesquita, seu proprietário no século XVIII (BERTRAN, 1994: 108).
A Cidade Ocidental surgiu de um loteamento em 1974, em área da Fazenda Aracati, que pertencia ao Sr. João Batista de Souza, e onde havia uma fábrica de cachaça. O povoamento começou em 15 de dezembro de 1976 pela Construtora Ocidental – que deu nome a esse município. Metade de sua área urbana foi cedida ao Governo do Distrito Federal que até hoje é seu proprietário, uma prova de que essa nova cidade tem um pé em Brasília. A localidade tornou-se Distrito de Luziânia em 1989, e em 9 de dezembro de 1990 foi aprovada sua emancipação política.
Como se vê, a Região de Santa Luzia é mesmo um lugar aprazível e cheio de histórias bicentenárias. A fama de que aí viveram homens cultos como João T. Álvares, José de Melo Álvares, Gelmires Reis, Evangelino Meireles, Americano do Brasil e José Dilermando Meirelles, vem desde o início do século XIX. Observe o que disse Saint-Hilaire (1819):
O Vigário, João Teixeira Álvares, recebeu-me calorosamente. Sua casa, situada na praça, estava cheia de gente à espera de que o espetáculo começasse. Serviram-se café e bolo, e todo mundo se debruçou nas janelas. Logo chegou um grupo de senhoras, que foram levadas, para a sala. Imediatamente os homens se retiraram dali, reunindo-se na saleta de entrada. A cavalhada não tardou a começar. Havia sido traçado na praça com pó branco, um grande quadrado, à volta do qual se enfileiravam os espectadores de pé ou sentados em banco. Os cavaleiros vestiam o uniforme da milícia. Traziam na cabeça um capacete de papelão e seus cavalos estavam enfeitados de fitas. Eles se limitaram a galopar pela praça em várias direções, enquanto outros cavaleiros, mascarados e fantasiados de mil maneiras diferentes, faziam momices e trejeitos semelhantes ao dos palhaços de circo. Durante esse espetáculo mantive conversa com o vigário não tardando a verificar que, além de amável, ele era bastante instruído. [...]. Poderia ter-me posto a caminho, mas havia tanto tempo que eu não tinha oportunidade de conversar com um homem culto, que resolvi prolongar minha estada em Santa Luzia a fim de usufruir da companhia do vigário. João Teixeira Álvares sabia latim, francês, italiano e espanhol; conhecia os nossos melhores escritores do século de Luis XIV e possuía uma seleta biblioteca com várias centenas de volumes, o que no país era uma raridade. Além de ser um homem instruído, bondoso e amável...” (1975: 24).

Esse sábio luzianense é um dos antepassados de Pedro Ludovico Teixeira, que construiu Goiânia, e inaugurou uma nova era no Centro-Oeste em 1942. Além de lugar que atraiu intelectuais de destaque, a velha Santa Luzia é um autêntico santuário da mais genuína cultura goiana, herdeira dos tempos coloniais; e onde o tempo passava devagar em lombo de burro ou em carros-de-boi porque a felicidade viajava entre devaneios de tropeiros e cavaleiros circulando pelos vales bucólicos do São Bartolomeu.

Apesar da forte influência de Brasília, ainda é possível presenciar em Luziânia a identidade viva de manifestações culturais típicas como, entre outras, a Festa de Santa Luzia (Padroeira local), do Divino Espírito Santo, de Nossa Senhora da Conceição, Via-Sacra, Pentecostes, Exposição Agropecuária, Festa do Peão de Boiadeiro, de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, e o Aniversário da Cidade. Conserva ainda uma arquitetura colonial estampada em velhos casarões como o Centro Cultural José Dilermando Meirelles, e em velhas igrejas, muitas delas construídas em meados dos anos 1760-1770 (GOIÁS: 2004, 15-16). Também em Cristalina e em Cidade Ocidental encontramos atrações culturais e turísticas que muito encantam os visitantes.

5.3 – Um Olhar sobre o Alto Médio São Bartolomeu

Este grande rio do Planalto Central nasce em Planaltina – DF. É daí que vão brotando águas que, emendando umas nas outras, se juntam no ribeirão Pipiripau, o mais importante curso d’água que dá origem ao São Bartolomeu. Suas nascentes são povoadas de mistérios e lendas esplendorosas como a de que ao redor da Lagoa Bonita ou de Mestre d’Armas há ainda por ser descoberta uma gigantesca jazida até hoje não encontrada, malgrado as tentativas de diferentes garimpeiros. Essa gente é seduzida pela cobiça espalhada pelo Bandeirante Urbano do Couto Menezes que, em um roteiro secreto arquivado em Portugal em 30 de julho de 1750, citou pela primeira vez essas lavras escondidas no meio do caminho da Picada da Bahia, estrada real que ligava a Europa (por meio da Bahia) ao Goiás colonial (GDF/SEMARH: 2006, 23).
É nesse território de ÁGUAS EMENDADAS onde os rios se encontram, se despedem e se reencontram no oceano Atlântico – trilhando correntes calmas ou velozes das bacias Platina, Sanfranciscana e Amazônica – é que o homem branco pisou o pé para fazer da agropecuária uma nova alternativa econômica. Assim começa a história do Alto Médio São Bartolomeu: aproveitando-se da decadência da mineração na Região de Santa Luzia, parte de seus aventureiros se estabeleceu ao longo dos vales e chapadas da Região de Mestre d’Armas solicitando da Coroa Portuguesa o registro de sesmarias para criação de gado.
Homens como Estevam Ordonho de Sepeda e Miguel de Almeida Dória tornam-se os primeiros fazendeiros de Planaltina em 1745 em pleno auge do ouro santaluziano. Posteriomente, Bernardino Joaquim de Souza Canabarro fixou sua fazenda na beira do ribeirão Mestre d’Armas em 1777. O capitão Domingos Pereira de Brito afazendou-se onde hoje está Sobradinho, em 1747. No ano seguinte, Antônio Luiz Martins Passos torna-se fazendeiro na área hoje localizada entre Plano Piloto e Paranoá. Nessa mesma área, também se fixam os fazendeiros José Alberto de Souza em 1848, e Pedro José de Alcântara em 1858. Na divisa DF/GO, onde está a cidade de São Sebastião, estabeleceram-se Serafim Camelo de Mendonça e Gabriel da Cruz Miranda entre 1767-1768 (BERTRAN, 1994: 89-93, 153-158). E foi subindo o São Bartolomeu, que essa gente desbravadora dos sertões planaltinos – desiludida com o ouro – largou a bateia, e veio fundar nas nascentes desse rio o Arraial de Mestre d’Armas.
Diz a lenda – segundo estudos realizados pelo historiador Mário Castro (1986) – que o primeiro homem branco a fixar residência no Alto São Bartolomeu foi um ferreiro cuja profissão – Mestre d’Armas – deu nome ao córrego e ao Povoado. Como aqui era ponto de passagem de tropeiros e viajantes que vinham do Nordeste seguindo a supracitada “Picada da Bahia” até Goiás Velho e Mato Grosso, a casa do Mestre d’Armas servia de “pouso”. Com o tempo, chegaram novos habitantes. Entre eles, José Gomes Rabelo, que tornou-se proprietário da Fazenda de mesmo nome. Historicamente, ele é o fundador de Planaltina.
Entre 1810/11 a população do Povoado de Mestre d’Armas foi vítima de uma Peste onde mais da metade de seus habitantes morreu. Movido por um profundo espírito de religiosidade católica, o terreno onde hoje está o Centro Histórico – Igrejinha, Museu... – foi doado a São Sebastião – que tornou-se Padroeiro da localidade como promessa de que a epidemia não voltasse a matá-los. Era 20/1/1811 – dia de devoção ao Santo, que virou data comemorativa do lugarejo. Em 1834 foi criado o 3º Distrito de Luziânia, denominado de São Sebastião de Mestre d’Armas. Devido a conflitos políticos em decorrência do fato de que a população queria pertencer a Formosa, o distrito foi anulado no ano seguinte. Em 1858 o terreno do povoado é doado ao Governo de Goiás pelos herdeiros da Fazenda Mestre d’Armas tendo como Procurador Sebastião Carlos Alarcão.
No dia 19 de agosto de 1859 por meio da Lei Provincial nº: 03 é criado em definitivo o Distrito de São Sebastião de Mestre d’Armas já incorporado ao município de Formosa – GO. Em 2/4/1880 com a Lei Prov. nº: 615 é criada a Paróquia de São Sebastião sediada na Igrejinha que continua de pé. A Lei Prov. nº: 671 de 21/7/1882 determinou a instalação da primeira Escola só para alunos do sexo masculino. Foi chamada de Grupo Escolar São Sebastião, depois Escola Paroquial, hoje Centro de Ensino Fundamental nº 2. São iniciadas as construções dos Prédios públicos que sediariam o novo Município.
Por meio do Decreto nº: 52 de 19/3/1891 o Distrito é transformado no município de Mestre d’Armas – GO cuja instalação oficial se deu no dia 28/2/1892. Em 2/10/1910 passou a denominar-se Altamir; e em 14/7/1917 foi renomeado em definitivo chamando-se Planaltina – GO mediante proposta do Deputado Estadual oriundo de Formosa, José Teodolino da Rocha.
Nesta mesma época o município recém-criado recebe os cientistas da Comissão Exploradora do Planalto Central – Missão Cruls – que elabora um Relatório publicado em 1894 demarcando o local para construir a futura Capital do Brasil entre Planaltina, Luziânia e Formosa conforme determinava a Constituição Federal de 1891. A área total era de 14.400 Km2 e incluía Planaltina. A Missão foi guiada na região pelo planaltinense Viriato de Castro.
Em 7 de setembro de 1922, durante o Centenário da Independência do Brasil, o Presidente da República Epitácio Pessoa determina que em Planaltina seja inaugurado o monumento Pedra Fundamental da Construção de Brasília no Morro do Centenário, fruto de um projeto dos deputados Americano do Brasil e Rodrigues Machado. Com isto, a Prefeitura instala no Rio de Janeiro uma Sessão de Propaganda para incentivar pessoas do país inteiro a vir morar em Planaltina. Ao longo dos anos 1920 surgem vários projetos habitacionais que nunca saíram do papel como o Planaltópolis feito por pessoas que sonhavam com Brasília sendo construída em solo planaltinense.
Entre as décadas de 1920/30 Planaltina, influenciada pelo sonho de que Brasília seria aí construída, desenvolveu-se de forma significativa. Ganhou rede elétrica, telefone, telégrafo, estrada de rodagem até Ipameri-GO, o primeiro automóvel, indústria de curtume, o primeiro jornal, o comércio cresceu passando a importar mercadorias de SP e de Uberaba-MG. Em 1947 foi instalada a Comarca e os problemas com a Justiça passaram a ser resolvidos no próprio município. Em 1951 foi criada a Escola Normal Olívia Campos Guimarães – para formar professoras normalistas.
Em 1948 é publicado o Relatório Poli Coelho, documento elaborado pela Comissão chefiada pelo General Djalma P. Coelho que fez novos estudos sobre a Mudança da Capital indicando cinco opções chamadas de “sítios”. Nova Comissão é criada em 1953 sob a Coordenação dos generais Caiado de Castro e José Pessoa Cavalcanti, sucessivamente. E em 1956 é publicado o Relatório Belcher feito pela empresa norte-americana Donald J. Belcher And Associates Incorporated, contratada pelo Governo Federal, que confirma em definitivo a escolha do Sítio Castanho (futuro Plano Piloto) como o local da Construção de Brasília. Planaltina deixa de ser opção para sede da Capital Federal. Todas estas comissões hospedaram-se em Planaltina na casa onde hoje é o Museu da Cidade.
Em 2/1/1956 por meio da Lei Municipal nº: 84, o Prefeito Veluziano Antônio da Silva – Seu Luzas – assina a escritura de transferência para o Governo Federal das propriedades incluídas na área que hoje é o Plano Piloto.
Em 1959, durante o Centenário da Elevação de Planaltina a Distrito, essa cidade recebeu a visita do Presidente Juscelino Kubitschek. O Prefeito Veluziano A. da Silva, e seu sucessor na Prefeitura, Osvaldo Vaz, conduzem as negociações para a incorporação desse território ao futuro Distrito Federal.
Com a Inauguração de Brasília em 21/4/1960, a Prefeitura e a Câmara de Vereadores são transferidas para o Povoado de São Gabriel. De lá para a Fazenda Brasília onde surgiria Planaltina de Goiás, proprietária do título de Município que Planaltina-DF perdeu por se integrar ao território brasiliense, definitivamente, a partir de 1969.
Planaltina até 1960 tinha cerca de dois mil habitantes e constituía-se apenas do Setor Tradicional e de uma periferia com casas de palha construídas em torno da Igreja São Vicente de Paula. A atual Rua Piauí onde passam os ônibus separava o Centro desta periferia que depois seria chamada Vila Vicentina. Em 1969 surge o Vale do Amanhecer numa gleba da Fazenda Mestre d’Armas, fundado pela médium Neiva Chaves Zelaya. Em 1971 surge a Vila Buritis (Setor Residencial Leste), que foi planejado pelo arquiteto Dr. Paulo Magalhães. Seu projeto urbanístico foi alterado entre 1977/1979 para inserir as duas ruas comerciais hoje existentes no SRL.
Os primeiros moradores do SRL vieram da Vila Tenório, invasão de barraqueiros no Núcleo Bandeirante, cidade construída para abrigar temporariamente os candangos construtores de Brasília. O pessoal do Setor Tradicional era contra. Por isto foi previsto um cordão de isolamento que é o setor de repartições públicas onde estão hoje o Hospital, a Rodoviária, o Estádio Adonir Guimarães, etc.
Com a Nova República em 1985, o DF passa a ser governado por José Aparecido de Oliveira, que faz “vista grossa” a novas invasões de espaços na periferia urbana. Em 1987 assume o Governo do DF o Sr. Joaquim D. Roriz, filho de tradicional família de Luziânia, que também não fiscaliza o surgimento de loteamentos irregulares. Nessa década é que se consolida a ocupação ou Expansão do SRL (Buritis II, III...), surge o povoamento dos setores habitacionais Arapoangas, Mestre d’Armas (Estâncias I a V, Estância Planaltina, etc) e Aprodarmas, que se expandem ao longo da década de 1990. O Jardim Roriz inicia-se também como assentamento populacional organizado pelo próprio GDF. Planaltina tem hoje mais de cem mil habitantes. Em quarenta anos teve um crescimento de quase nove mil por cento.
Planaltina ou RA-6 (região administrativa) responde por 65% da produção agrícola e por 85% das terras agricultáveis no DF. Sua Cultura bicentenária é visível a olho nu nos casarios antigos do Setor Tradicional, na Pedra Fundamental, no Morro da Capelinha cujas encenações (Via Sacra) começaram entre 1973/4 e também no Vale do Amanhecer cujo misticismo encanta turistas do mundo todo, além da Festa do Divino Espírito Santo. Há outras atrações como a Estação de Águas Emendadas assim chamada porque lá há o encontro de nascentes que dão origem às Bacias Amazônica, Platina e Sanfranciscana.
Depois da inauguração de Brasília, surgiram outras cidades no alto médio São Bartolomeu em áreas antes pertencentes a Planaltina e Luziânia, que cederam partes de seu território para criar o Distrito Federal. Sobradinho –DF foi a primeira delas. Localizada entre as serras do ribeirão de mesmo nome em terras cujos donos eram as famílias Sousa e Silva, Alarcão e Guimarães, a cidade surgiu da necessidade de erradicar os operários remanescentes de acampamentos na área que viria a ser inundada pela barragem do Lago Paranoá. A partir de 1958, por sugestão do Deputado Federal Íris Meinberg, então diretor da empresa NOVACAP, foi pensada a criação de um núcleo urbano próximo ao Plano Piloto e que servisse de entreposto para produção agrícola. Sobradinho nasceu oficialmente em março de 1960 com a fixação dos operários da Vila Bananal-Amauri (VASCONCELOS, 1988: 149-169) e se tornou a quinta Região Administrativa (RA-V) da capital federal.
Na área banhada pelo rio Paranoá já existiam muito antes do lago e de Brasília pequenas comunidades goianas tradicionais como a Quebrada dos Néri e a dos Guimarães, o Buriti Vermelho, Jardim e Sobradinho dos Melos. Com a construção da barragem do Lago Paranoá, surgiu uma vila de mesmo nome que abrigava os operários dessa e de outras obras. O lago foi inaugurado em 15 de setembro de 1959 e aí começou a remoção dos acampamentos ali situados. A Vila Paranoá se manteve irredutível e lutou arduamente para que fosse fixada legalmente. Seus moradores fizeram até um motim conhecido como “Barracaço” em 1986. Finalmente, em 25 de outubro de 1989, o Paranoá virou cidade com a criação da sétima Região Administrativa do DF (GDF/SEC, 2002: 79-81).
Assim como o Paranoá, também em 1957 começa a história de São Sebastião entre o córrego Mata Grande e o ribeirão Santo Antônio da Papuda. Essa área pertencia às fazendas Taboquinha, Papuda e Cachoeirinha; e foi usada durante a construção de Brasília para extração de areia, instalação de olarias e cerâmica. Inaugurada a nova Capital, seus moradores permaneceram como arrendatários, pois a área tornou-se uma agrovila. Com o fim dos contratos de arrendamento, São Sebastião veio a ser a 14ª região administrativa do DF, em 12 de agosto de 1982 (2002: 123-124).
E assim esse vasto território do Alto Médio São Bartolomeu vem consolidando o seu povoamento ao longo das últimas décadas. Se Brasília simboliza a marca da modernização dessa bacia em cujas fazendas do século XVIII nasceram importantes cidades, o Lago Paranoá, que embeleza a Capital represando as águas que depois caem no São Bartolomeu, é a obra de intervenção estatal de maior impacto sobre o relevo e o ecossistema da região.
A Bacia do São Bartolomeu tem metade de sua área dentro do Distrito Federal e o restante em Goiás, numa região que sofre diretamente a influência da expansão urbana de Brasília. Por isso mesmo, cuidar do São Bartolomeu é cuidar do futuro do Planalto Central do Brasil. Cabe às autoridades e à sociedade civil o compromisso patriótico de preservar a história e o riquíssimo patrimônio cultural e socioambiental de seu povo nessa bacia de vales e chapadas que encantaram garimpeiros nos anos 1730/40, e depois fazendeiros, tropeiros e tantos outros sonhadores como Juscelino Kubitschek e Bernardo Sayão, co-responsáveis por esse projeto incompleto de integração nacional que é Brasília.

5.4 – O Vale do São Bartolomeu HOJE: histórias que o Povo conta

Em 1957 era aprovada pelo Congresso Nacional a Lei Federal nº: 3.272 determinando a inauguração de Brasília como nova capital do Brasil a partir de 21 de abril de 1960. A população brasiliense era de 6.283 habitantes. No ano seguinte surgia Taguatinga como conseqüência direta do novo modelo de ocupação e uso do solo no futuro Distrito Federal. Já em 1959, o DF passou a ter 50 mil habitantes. Como previu o Presidente Getúlio Vargas em discurso durante a Inauguração de Goiânia bem antes, nos anos 1940, o Planalto aos poucos se tornava mesmo “o miradouro do Brasil” (MENDES, 1995: 19, 22).
Brasília chegou e se instalou na margem direita da bacia do São Bartolomeu, ou melhor, de seu afluente – o rio Paranoá, que emprestou suas águas para a formação do lago homônimo. Em sua entrevista à nossa pesquisa, Eleuza Paes Landim – ex-vereadora e moradora de Cristalina, cidade que fica na desembocadura dessa grande bacia – evoca os anos anteriores a 1960:
“[...]. o rio ainda não era poluído antes de existir Brasília. A água ainda era muito limpa. [Hoje) o rio está abandonado por falta de cuidado com o meio ambiente. Nós passamos quase um ano com o rio quase seco. Tem de plantar mais árvores!”.

A mãe da Senhora Eleuza, Dona Leontina Cunha Landim, também relembra os velhos tempos quando a fauna, a flora e as belas paisagens eram o cartão-postal da região. Para ela, “a água do rio nesse tempo era limpa. Depois o povo veio com Brasília e poluiu”. A conurbação do espaço urbano em Brasília, a falta de regularização fundiária, o desrespeito às áreas ambientais de preservação permanente, a destruição dos corredores ecológicos para dar lugar ao surgimento das centenas de loteamentos que ocupam o solo urbano de forma desordenada são fatores determinantes para se repensar a importância da bacia do São Bartolomeu para o Brasil.
Juscelino Kubitschek, o construtor da nova capital, acreditava que Brasília seria “o eixo da irradiação da nova política de ocupação física do território...” (MENDES, 1995: 37).
Logo cedo, Brasília passou a determinar o futuro da região, modificando costumes, valores, a economia e a sociedade, como bem assinala Dona Eleuza:
Meu pai levava peões no caminhão dele para trabalhar em Brasília. Eu fui a Brasília quando houve a inauguração do Congresso Nacional. Fiquei encantada porque Cristalina era uma roça. Mas aqui temos menos violência do que lá. A influência de Brasília foi grande. Só tinha Luziânia e Cristalina com uma estrutura muito ruim, defasada. Hoje nós temos ali uma capital federal com grandes faculdades, hospitais, sistema de transporte... Mudou radicalmente. Eu não acho que Brasília impactou negativamente sobre Cristalina”.

Se por um lado Brasília cumpriu sua missão de irradiar progresso e tecnologia, por outro, trouxe também um acelerado processo de metropolização dentro da bacia do São Bartolomeu que se espalhou pelo Entorno situado numa vasta região que inclui municípios mineiros e goianos. Como vimos, esse impacto negativo nem sempre é percebido pelas comunidades locais. A criminalidade, o desemprego, a chegada do agronegócio, a desorganização fundiária... impactam esses municípios e fazem deles cidades-dormitório sem infraestrutura mínima para se desenvolver de modo sustentável. Há demandas cada vez mais crescentes que necessitam de políticas públicas eficientes que melhorem o índice de desenvolvimento humano do DF e Entorno por meio, inclusive, de investimentos em serviços públicos com qualidade.
É necessário e inadiável que se faça entre as cidades da Bacia do São Bartolomeu (Planaltina, Sobradinho, Paranoá, Brasília, São Sebastião, Cidade Ocidental, Luziânia e Cristalina), um grande pacto pela sustentabilidade econômica, social, cultural e ambiental desse riquíssimo território. É preciso que se voltem os olhos para o passado recente dessa região e invoque o pioneirismo de suas COMUNIDADES RIBEIRINHAS como o Vale do Amanhecer e a Vila São Bartolomeu de Brasília para entender melhor a necessidade de se conciliar TRADIÇÃO E MODERNIDADE, progresso e meio ambiente, nessa região.
Outra vez ouçamos o que tem a dizer Dona Leontina, matriarca com mais de 80 anos e exemplo típico do morador ribeirinho dessa bacia:
“[Meu marido] fornecia cascalho e areia. Eu tomava conta da cantina por conta nossa durante um ano e tanto. O nome da fazenda aqui era Fazenda Rocha. [...]. Aqui não tinha nada. Nós ajudamos a construir a ponte. Compramos esse pedacinho. Loteamos e está esse POVOADO bacana HOJE. [...]. Esse loteamento é de 1962”.

O depoimento acima se refere aos primeiros anos da década de 1960, época da abertura da rodovia federal BR-040 que liga Brasília ao Centro-sul do país (Belo Horizonte e Rio de Janeiro). A construção da ponte sobre o rio São Bartolomeu simboliza a tomada de posse da região pela tecnologia e pela ciência capitalistas. É a modernização impondo suas estratégias de apropriação da natureza e suas potencialidades destruindo ao mesmo tempo o saber tradicional das comunidades ribeirinhas.
Ouvir essas comunidades tradicionais, valorizar o SABER LOCAL, criar políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento sustentável delas, é o que se recomenda aos gestores municipais, estaduais e federais na bacia do São Bartolomeu. Encerramos essa pesquisa DANDO VOZ A ESSA GENTE. Por meio de seus depoimentos, que reproduziremos abaixo, esperamos que essas comunidades possam sensibilizar os governantes na construção de parcerias institucionais capazes de garantir sua existência como elo promotor de ENCONTROS DOS POVOS DO SÃO BARTOLOMEU na busca do futuro sustentável sem destruir a herança do passado anterior a Brasília.
Vejamos o que nos disse o Sr. ALFREDO PAES LANDIM (Seu Alfredinho), 94 anos, ex-minerador, ex-vereador e fundador, em 1962, de uma comunidade localizada entre a já citada ponte do rio São Bartolomeu e a BR-040, em Cristalina-GO:

Vim da Bahia... [...]. Foi na Fome de 1932. Naquele tempo era uma crise! Meu pai morreu. Fui pra São Paulo, fui pra Goiânia-GO. Lá vi a fama de Cristalina. De lá vim pra Cristalina. Casei. Tem muitos anos. [...]. Cristalina não tinha nada. Era uma tapera, mas tinha muito garimpeiro que veio para tirar cristal. Eu fui um deles. Trabalhava no garimpo, comprava e vendia. Vinha comprador do Rio de Janeiro. Os Estados Unidos estavam comprando. Tocava garimpo, mas os estrangeiros me tomaram [por que] aqui é cheio de cristal. Ali, [no ribeirão Topázio], era garimpo meu. Surgiu a ponte, eu vim pra cá.
Eu vim para ajudar fazer a ponte. Eu tinha caminhão para carregar material, puxar areia. Nós compramos aqui de Benedito Rocha. Antes havia uma ponte de madeira, atravessava esse rio e passava por Luziânia. Aqui não tinha estrada. Depois é que surgiu. Eu ajudei [...]. Eles não sabiam
onde passar a estrada no rio até Cristalina; viram outros lugares e acharam muito caro. Aí eu me apresentei e disse: ‘eu sei de um lugar que vocês podem passar essa estrada’. Eu que fui lá com o engenheiro e localizei lá fazendo uma economia de muitos milhões. A empresa construtora era do Rio de Janeiro, Ipiranga. A estrada morreu aí [até] fazer a ponte. Eu estava na inauguração. O Juscelino não pôde vir. Não veio o Bernardo Sayão porque já tinha morrido.
Bernardo Sayão... conheci ele demais. Muito conhecido nosso. Ele vinha aqui em Cristalina. Juscelino [Kubitschek] conheci ele em Brasília. Ele passava nessa estrada aqui.
Fui eu que fiz esse loteamento. Cristalina não queria que eu fizesse. Disseram que eu não dava conta. E eu fiz. Fui em Goiânia e registrei pelo decreto 58, publiquei no Diário Oficial e hoje eu sou o Representante daqui. Eu que fiz o lugar. Trouxe minha família. Comprei a fazenda. Eu era muito amigo do povo e sou até hoje. A firma que fez a ponte foi embora. Nós fiquemos. Aí me veio
a idéia de lotear aqui. Seu Astor fez a planta toda, o serviço de localização das ruas; e um engenheiro do DNER assinou. Registramos. Cristalina não se interessou. Fiz ruas com enxada e machado. Depois que eles viram que tudo estava feito, aí Cristalina tomou conta e me deu uma ajudazinha. O nome daqui é SÃO BARTOLOMEU DE BRASÍLIA”.

Agora vamos conhecer a história da Comunidade VALE DO AMANHECER, situada na beira da rodovia DF-130 numa vereda da margem esquerda do ribeirão Pipiripau, formador das nascentes da Bacia do São Bartolomeu. Em sua entrevista, assim manifestou o Sr. ITAMIR DAMIÃO, 66 anos, ex-evangélico, militar e recepcionista, sobre sua comunidade:

Eu vim pro Vale do Amanhecer no dia 15 de junho de 1973. [...]. Planaltina era uma típica cidade do interior, com bois e cavalos na rua, mas muito boa para se viver. Não tinha a contaminação da cidade grande. Chegar ao Vale do Amanhecer era um problema. Não tinha estrada e a ponte de madeira sempre caía. Não tinha luz. Tudo isso aqui era um lamaçal. Era uma chácara com plantação de eucalipto e mangueira. Havia alguns barracos construídos pelo pessoal que veio com a Tia Neiva em 1969. Havia um templo de madeira, também rústico. Não tinha estrutura nenhuma, mas já tínhamos uns 150 médiuns. E a fluência de pacientes era muito grande.
Isso aqui era uma gleba de terra.
Tia Neiva comprou os direitos. Aí foi melhorando, mudando. Somos mais de 630 templos, inclusive alguns no Exterior [como] em Portugal, Alemanha, Estados Unidos e Bolívia. Nós temos hoje um universo de aproximadamente 400 mil médiuns. Nós somos uma comunidade aqui com uns 27 mil habitantes.
Tia Neiva nasceu em Propriá-SE no dia 30/10 de 1925, filha de família católica tradicional. De lá mudou para Jaraguá, perto de Ceres na década de 1940. Ali ela cresceu. O Governo estava investindo muito naquela região de Goiás. E ela conheceu um rapaz por nome Alonso. Teve com ele quatro filhos e ficou viúva. Vendeu tudo que tinha e virou fotógrafa. Era de onde tirava o sustento da família dela, mas a profissão prejudicou sua saúde. Então, ela trocou [o estúdio] por uma chácara, [que] vendeu e voltou à casa dos pais. Trocou-a por um caminhão em 1949. Carteira de motorista caminhoneira naquela época era um absurdo. Botou os filhos na boleia e foi pra Anápolis-GO onde fazia fretes.
Foi pra Uberlândia, [...], Barretos [...], Terra Rica... [...]. [Foi] pro Nordeste. No caminho, roubaram o caminhão dela. Aí mudou pra Itumbiara-GO. Lá ela teve desdobramentos espirituais. Teve desmaio de uns dez dias, acharam que ela estava morta, depois ela ressuscitou. Aí mudou pra Morrinhos-GO. Comprou outro caminhão. Veio pra Goiânia onde se tornou motorista de ônibus. Alugou o caminhão à Prefeitura.
Em 1957 Tia Neiva conheceu Bernardo Sayão e ele disse-lhe: ‘você tem dois caminhões, por que não vai pra Brasília?’ Aí ela veio e locou os caminhões na Novacap, e foi morar na Cidade Livre [Núcleo Bandeirante]. Era mulher respeitada num ambiente machista. Nessa época começou a sentir manifestações mediúnicas e não sabia o que era. Começou a ver e ouvir espíritos. Achava que era loucura. Consultou um psiquiatra [...]. Pediu ajuda ao Padre Roque e ele correu com ela da igreja. Aí foi para uma casa de repouso. Lá ela se rendeu ao espírito que dizia que ela era UMA GRANDE MISSIONÁRIA e tinha uma missão a cumprir aqui no PLANALTO CENTRAL.
Ela então começou seu trabalho no Núcleo Bandeirante. Houve rejeição da sociedade, mas ela estabeleceu um pequeno templo. Como não cabia todo mundo, instalou-se em Alexânia-GO com a UESB – União Espiritualista Seta Branca. É uma entidade que está nesse Planeta há algum tempo e tem uma missão de estar nas difíceis transições com o Povo para acudir a humanidade. Ficou lá até 1964. Veio para Taguatinga-DF. Ficou até 1969. Procurou outro local. A comunidade veio pra cá e cresceu em torno do templo que a gente chamava de Recanto do Missionário. Nosso nome jurídico é Obras Sociais da Ordem Espiritualista Cristã – Vale do Amanhecer, que é o renascer, reviver.
O Vale do Amanhecer reúne vestígio romano, egípcio, inca, afro e tudo o mais. E alguma coisa do Kardecismo. É uma fusão de crenças onde nós manipulamos a nossa energia. Como acreditamos na reencarnação, nós trazemos as nossas heranças e elas estão todas entrelaçadas aqui no Vale do Amanhecer. Manipulamos energias para atender as necessidades de todo esse planeta. É a missão que nosso pai, Seta Branco, assumiu com a humanidade, principalmente em momentos de transição.
Alguns historiadores dizem que o Juscelino Kubitschek é uma reencarnação do Tutankamon. O Vale do Amanhecer é um projetor de energias para Brasília. Algumas entidades [espirituais já] chegaram a dizer que O VALE DO AMANHECER É A ALMA DE BRASÍLIA. Quando surgiu a idéia de FAZER O LAGO AQUI NO SÃO BARTOLOMEU, essa Entidade disse que se acabar o Vale, Brasília ficará uma cidade sem alma.
Nossa intenção também é a de canalizarmos as energias para o comando do nosso país que está no Plano Piloto. Brasília aglutinou os Estados do Brasil. Ela é um fator preponderante para o desenvolvimento mais acelerado do Brasil, inclusive do Centro-Oeste
”.

Referências

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· BARBOSA, Waldemar de A. Dicionário Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Belo Horizonte: Saterb, 1971.
· BERTRAN, Paulo. História da Terra e do Homem no Planalto Central, Brasília: Solo, 1994.
· CASTRO, Mário. Realidade Pioneira (História de Planaltina-DF), Brasília: Thesaurus, 1986.
· CCLRC (Casa de Cultura de Luziânia Rui Carneiro). Livro de Datas Destacadas de Luziânia – Antiga Santa Luzia), Luziânia: S/d.
· CUNHA MATOS, Raimundo José. Corografia Histórica da Província de Goiás, Goiânia: Governo de Goiás, 1979.
· ENTREVISTAS realizadas em 27/01/2009 com o casal ALFREDO PAES LANDIM e dona LEONTINA DA CUNHA LANDIM, e com as filhas ANGELITA e ELEUZA, Povoado São Bartolomeu de Brasília, município de Cristalina-GO.
· ENTREVISTA realizada em 30/01/2009 com o Sr. ITAMIR DAMIÃO – recepcionista do Vale do Amanhecer.
· GDF/SEMARH. APA de Cafuringa: A última fronteira natural do DF, Brasília: 2006.
· GDF/SEC. Patrimônio nas Ruas, Bsb: 2002.
· GOIÁS (Governo Estadual). Projeto Se Liga no Futuro (Luziânia), Goiânia: abril de 2004.
· JACINTHO, Olympio. Esboço Histórico de Formosa, Brasília: Independência, 1979.
· MEIRELLES, J. Dilermando. PIMENTEL, Antônio (Orgs.). História do Planalto, Luziânia: Academia de Letras e Artes do Planalto, 1996.
· MELLO, Oliveira. As Minas Reveladas: Paracatu no tempo, 2ª Ed., Paracatu: Prefeitura Municipal, 2002.
· MENDES, Xiko. Idéias para um novo projeto de cidade em Formoso de Minas, Brasília: Unifam, 2007.
– O Mito da Interiorização através de Brasília, Bsb: Asefe, 1995.
· MOHN, Otto. História e Estórias de Cristalina, Cristalina: edição do autor, 1983.
· POLONIAL, Juscelino. Terra do Anhangüera: História de Goiás, 3ª Ed., Goiânia: Kelps, 2006.
· SAINT-HILAIRE, Auguste. Viagem à Província de Goiás, BH: Itatiaia, 1975.
· VASCONCELOS, Adirson. As Cidades Satélites de Brasília, Bsb: Cegraf/Senado Federal, 1988.– A Mudança da Capital, Brasília: Independência, 1978.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

QUEM SÃO OS NOVOS ACADÊMICOS DA APL?


Marcos Alagoas
(Cadeira XI)

Marcos Alagoas, pseudônimo de Marcos Antonino Nunes, nasceu a 07 de Julho de 1964, na cidade de Ouro Verde-GO. Filho de Fidélis Balbino Pereira e de Albertina Nunes Lemes (ambos in memorian), mudou-se para Planaltina-DF em setembro de 1968.
Marcos Alagoas é funcionário público do DF, além de músico com especialização em flauta transversal e violão. Sempre trabalhou com arte, e como compositor participou de vários festivais de música popular brasileira em Brasília, ganhou alguns prêmios com arranjos de suas próprias músicas e estilos variados como o Baião, Reggae, Afoxé, Bossa Nova, samba. Dentre suas composições, destaca-se “O Moleque”, interpretado por Jess Maia na 3ª faixa do CD Canto Anormalidade.
Incentivado por amigos e pelo filho que adora poesia, lançou, em fevereiro de 2009, seu primeiro livro intitulado “O Coração na Mão do Poeta“.
Dentre os grandes nomes da poesia, Marcos Alagoas exalta a expressividade de Cora Coralina, Fernando Pessoa, Augusto dos Anjos e a filosofia dos grandes pensadores Platão, Sócrates, e Aristóteles.

Geralda Vieira

(Cadeira XXXIII)


Geralda Maria Vieira, natural do município de Nova Veneza-GO, filha de Lindolfo José da Silva e de Rita Maria de Jesus, nasceu a 18 de outubro de 1930.
Viúva de Geraldino Vieira Pereira, com quem teve três filhos (Edson, Vânia e Carlos), Geralda Vieira trabalhou como Professora em sua cidade natal e, em Brasília, foi funcionária pública da Procuradoria Geral da República. Hoje, aposentada, exerce a função de empresária no ramo da hotelaria (é proprietária do hotel “O Casarão”, em Planaltina-DF).
Poetisa, contista e romancista, Geralda Vieira começou a escrever ainda muito jovem. É autora do livro A Praça e a 3ª Idade (Brasília, 2004) e de textos publicados na antologia Orizona em Prosa e Verso (Orizona-GO, 2002), publicação coordenada por Olímpio Pereira Neto e João Pereira de Almeida.
Geralda Vieira também escreveu O Diário de Um Escoteiro, Esperança, O Universo de Dino e Dinóca e As Confissões de Pituca, livros ainda inéditos (sendo os dois últimos voltados ao público infantil).

Aurenice Vítor
(Cadeira XXXIV)

Filha do baiano Antonio Vitor e da mineira Nair Cândida de Sousa, Aurenice Vitor dos Santos nasceu em Formosa-GO, no ano de 1967. Foi criada numa fazenda onde aprendeu a ler com os pais.
Somente aos 11 anos conheceu a escola, mas aos 13 já escrevia seus primeiros versos, os quais falavam de uma infância sofrida, porém cheia de sonhos e fantasias.
Aurenice é mãe de uma única filha, a jovem Sara Laíze, que lhe dera um neto, o pequeno José Miguel, responsável por levar a alegria à família.
Sempre ligada à literatura, Aurenice Vitor cultuou seu gosto expressando seus sentimentos por meio da poesia e dos contos. Desde então, tornou-se atuante nesse campo e durante 03 (três)anos participou do Coletivo de Poetas de Brasília, onde teve a oportunidade de apresentar seu trabalho, organizando e apresentando vários saraus pelas noites brasilienses.
O inevitável aconteceu: tornou-se escritora.
Na sua linguagem simples, mas cheia de lirismo, Aurenice fala da fé em Deus, do Social e das várias faces da vida. E foi utilizando-se dessa linguagem simples e lírica que, em 1999, ela lançou seu primeiro trabalho poético, o livro Navegantes da Solidão, pela editora Thesaurus.
Seis anos mais tarde, em 2005, com o apoio do FAC (Fundo de Apoio à Cultura), lançaria seu segundo trabalho intitulado O Homem Mais Rico do Mundo. E dando continuidade à trajetória de escritora, em breve Aurenice nos brindará com mais uma obra literária: o livro Tão Perto... Tão Longe.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

POETAS DA APL ANIMAM NOITE PLANALTINENSE COM SARAU DE POESIA

A noite do dia 1º de julho (quarta-feira última) foi uma daquelas que há muito tempo Planaltina estava merecendo.
Reuniram-se no bar “Lima Limão”, situado na Avenida Floriano Peixoto, os poetas Aurenice Vitor, Joésio Menezes, Marcos Alagoas e Vivaldo Bernardes (membros da Academia Planaltinense de Letras), além do também Acadêmico Agostinho Silva, para promoverem o Sarau Poético “Flores de Abril”, cuja iniciativa partiu da poetisa Aurenice.
No decorrer das apresentações, o poeta Joésio Menezes fez uma singela homenagem ao octogenário amigo Vivaldo Bernardes (patrono da Cadeira XXXIV da APL) por ocasião de seu aniversário, em junho próximo passado.
O pequeno, porém seleto, grupo de espectadores presentes no “Lima Limão” deleitou-se com poesias de vários estilos e autores recitadas pelos poetas planaltinenses. Ao final das apresentações, alguns espectadores, mostrando-se satisfeitos com o evento, puderam trocar ideias com os vates, sugerindo, inclusive, outras noites agradáveis como aquela. No entanto, fizeram uma ressalva: que o evento fosse amplamente divulgado a fim de levar àquele local uma plateia ainda maior. Eles ressaltaram, ainda, que em Planaltina há um grupo muito grande de pessoas que apreciam a poesia, e que essa iniciativa de se promover saraus é de suma importância para a divulgação da Arte Literária da cidade e para resgatar, nos jovens, o gosto pela Poesia.Devido à boa aceitação do evento, a proprietária do “Lima Limão” convidou os poetas a fazerem outro Sarau, que ficou agendado para a noite da próxima quarta-feira, dia 08/07/2009, a partir das 20 horas e 30 minutos