quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

BAIANGONEIRO


Manifesto BAIANGONEIRO

Xiko Mendes

Eu sou de Minas, de Goiás e da Bahia.
Sou de Cocos, Damianópolis e Mambaí.
Sou de Arinos, Formoso e Sítio d’Abadia;
Eu sou de Chapada Gaúcha e Jaborandi.

Tenho o instinto baiano, goiano e mineiro.
Sou da fronteira de três grandes estados.
Eu sou filho do Território Baiangoneiro
E quero esses municípios todos integrados.

Carrego dentro de mim a alma nordestina
E o sangue tropical do nosso Centro-Oeste.
A identidade é baiangoneira, de Bagominas.
E quero o progresso dessa gente do Sudeste.

Sou homo sapiens brasílico-barranqueiro
E lutarei sempre para que haja integração
Entre as cidades desse Povo Baiangoneiro
Que vive nas fronteiras do Marco Trijunção.

CORREÇÃO

Nota do autor: esclarecemos aos leitores da última edição impressa de nosso jornal Planaltina em Letras, que o texto de Guimarães Rosa sobre Planaltina fora extraído do livro Noites do Sertão, e não do romance Grande Sertão: Veredas, do mesmo autor, como fora publicado. Desculpe-nos.

Xiko Mendes

NOTA DE UM HISTORIADOR MENOR

Pedra Fundamental: O Marco Zero da Capital


Esse é o título do livro que na verdade é uma coletânea com textos de vários autores, alguns historiadores e outros não, mas todos irmanados no mesmo ideal de homenagear os 90 anos do lançamento da Pedra Fundamental, em Planaltina (na época em Goiás e agora no DF), como símbolo do compromisso do Estado republicano em mudar a sede do Governo Federal do Rio de Janeiro para o centro do nosso país.

Eu e meu colega professor e historiador Robson Eleutério tivemos o privilégio e o prazer de, juntos, organizarmos esse livro que fora publicado com o selo editorial do Instituto Cerratense Paulo Bertran e da Academia Planaltinense de Letras. Infelizmente, teve gente que, enciumada ou não, não gostou da obra. É claro que toda obra está sujeita ao crivo da crítica - e nós até gostamos disso como prova de que o livro fora comentado e analisado. Mas o que não é compreensível é sermos chamados de poetas, escritores ou historiadores menores, descomprometidos com a verdade, simplesmente porque deixamos de focalizar personagens de História Oral cujos descendentes se acham no direito de dizer que é quase obrigação dos historiadores citar esses personagens.
Orgulho-me de ser um "historiador menor", sim, e digo que é inconcebível essa busca pela "verdade verdadeira", até porque cada pessoa e cada cultura inventa as suas "verdades". 
Sou historiador por formação acadêmica e por opção (pois tenho já vários livros publicados - o que mostra minha "credencial" de historiador menor, porém, reconhecido pelo mundo acadêmico e pela comunidade cultural do DF, MG e GO).
Ser chamado de historiador menor não diminui a importância do que faço, só lamento que meus críticos precisam rever seus conceitos e estudar Teoria da História, sobretudo relacionada com História Cultural, História Oral, História das Mentalidades, História Imediata, entre outros conceitos surgidos a partir da Escola dos Anais, nos anos 1930.
Quer queira, quer não, o livro Pedra Fundamental: O Marco Zero da Capital deixou marcas definitivas na bibliografia sobre a História da Transferência da capital federal para Goiás. Ele pode até ser excluído da estante de quem nos chama de historiadores menores, mas o reconhecimento de que se trata de obra definidora da compreensão sobre o fato aludido, é prova inconteste. E isso para nós basta. 

Assinado: ESCRITOR XIKO MENDES, Titular da Cadeira VI da APL.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012



MENSAGEM DE NATAL

por Xiko Mendes

Desejamos-lhes um natal grávido de sonhos e que a vida fecunde no âmago de sua alma um 2013 fértil de grandes realizações. E que a cada momento ou minuto vivido, vocês parem para olhar no retrovisor, imaginando que estão contemplando montanhas infinitas, mas que no cume de cada uma delas, repousa, sereno e inabalável, o espírito triunfante de Deus pairando sobre o Universo e conspirando sempre a favor de nós, da liberdade, da dignidade, da virtude e do humanismo, marcas indeléveis de um mundo que se queira novo - e de um ano que se queira mais que novo -, mas que faça ressurgir das cinzas a fênix que se esconde no rosto dos nossos melhores amigos.
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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

VOVÓ IAIÁ: ÚLTIMA REMANESCENTE DA PEDRA FUNDAMENTAL




por Adenir de Oliveira

“Maria,
Nome celestial
De mãe, irmã e filha.
Ave Maria.
Ave que sobrevoa o infinito
Cheia de amor e graça,
Maria”.

E Maria da Conceição de Sousa, carinhosamente conhecida por todos como Vovó Iaiá, sobrevoou no dia 27 de junho de 2012, com 105 anos (07/03/1907) de sabedoria, dedicação, amor e carinho. Foi a última sobrevivente que assistiu, in loco, em 1922, aos 15 anos de idade, ao lançamento da Pedra Fundamental, marco da futura capital do País.
Era uma pessoa simples, bem humorada, alegre... um gênio dos casos e da história de Planaltina, sua cidade natal, onde passou toda sua existência, lá naquela casa de esquina, na Praça São Sebastião (praça da igrejinha), Quadra 59, n° 153. Casarão que ela mesma mandou reformar, pois de lá nunca pensou em sair. Era uma “mulher parideira” (como disse a grande poetisa Cora Coralina em um de seus versos):. teve 10 filhos, seis dos quais com nível superior completo.
Amante das artes, da educação e da cultura de modo geral (a exemplo de Cora Coralina), fazia seus versos e trocadilhos, e gostava muito de cantar, principalmente em louvor ao Divino Espírito Santo, de quem era devota fervorosa e para quem dirigiu suas últimas palavras, por meio das quais pediu-Lhe que a permitisse ver o resplendor.
Os versos e rimas que escrevia e cantava enchiam uma antologia. Vejamos alguns deles:

“Maria rata, Maria rata,
Maria rata foi-se embora e foi chamando
E seu marido foi atrás engambelando
Maria rata, Maria rata,
Eu não te dei trono de ouro,
Mas te dei um anel de prata.
Maria rata, Maria rata
Foi-se embora e deixou-me engambelando
Eu fiquei do lado de fora, chorando, chorando.
Maria rata, Maria rata.
Assim também se expressou em verso:
Roda morena porque também quero rodar
O vestido da morena quebrou o ferro de engomar.
Todos querem a morena
Para namorar e casar.
Mas a morena não dá bola
Ela só pensa em dançar”.

Vovó Iaiá, na sua longa caminhada, serviu como referência para inúmeros escritores, poetas, cineastas, historiadores, estudantes de todos os níveis. Foi capa de revista, tema de filmes, vídeos e entrevistas. Todos que a conheciam, admiravam sua lucidez invejável e firmeza de conhecimento do que relatava, desde os primórdios da fundação de Planaltina até os acontecimentos atuais. Era uma ‘’ Diva’’ da história de Planaltina.
Contava ela sobre o lançamento da Pedra Fundamental: “quando falaram que colocariam aqui, em nossa cidade, a pedra onde seria construída a nova capital, foi um alvoroço. A cidade possuía poucos habitantes, mas todos queriam conhecer esta tal pedra vinda lá do Rio de Janeiro, mandada pelo Presidente da República. As pessoas importantes da cidade se mobilizaram para o grande acontecimento. Os coronéis da época, professores, religiosos, delegado, juiz... todo mundo queria ver a pedra. Inclusive o meu pai, que se chamava Coronel Joaquim Marcelino de Sousa, me levou com ele e com meu futuro sogro, Balduino Inácio de Oliveira, que foi o primeiro juiz da comarca. Viemos a cavalo, pois, naquela época, aqui não existia automóvel. Dias antes, meu pai mandou uma tropa da fazenda Paranoá, onde morávamos, para emprestar às pessoas que não possuíam transporte.
No dia 7 de setembro, ao romper da aurora, saiu a comitiva montada, pouco mais de 100 pessoas. A mulheres não passavam de 10, dentre elas, eu e minha irmã Ana Izabelm que ofereceu aos participantes do evento uma mesada de café com biscoitos típicos da região.Tudo levado no lombo dos animais, em “broacas” feitas de couro. Lá foi montada uma tenda de lona, pois o sol era muito quente. Chegado o grande momento, ao meio dia, a banda de música tocou o Hino Nacional, a Bandeira Brasileira foi hasteada e logo após foi removido um pano branco que envolvia a tão famosa Pedra. Qual foi o espanto de todos quando viram que não se tratava de uma Pedra verdadeira, e sim de um monumento feito de concreto pelas mãos do homem. Não chegou a ser uma decepção, mas foi espantoso. Cochichos, murmúrios e comentários envolveram todos. Mesmo assim, o momento foi saudado pelos coronéis com uma rajada de tiros de revólveres e uma salva de palmas por todos que ali se encontravam. Várias pessoas discursaram, inclusive meu sogro, que era uma pessoa ‘’letrada’’. Os homens que sabiam escrever assinaram o documento do lançamento da Pedra, as mulheres não, pois naquela época, mulher nem sequer votava!.... O calor era sufocante. As pessoas mais abastadas levaram seus ‘’cantis de água’’; outras, beberam água dos potes de barro levados, também, pela minha irmã Ana Izabel. Assim foi o lançamento da Pedra Fundamental”.
Estes fatos nunca foram relatados. Passaram despercebidos pelos poetas, escritores e historiadores descomprometidos com a verdade sobre a Pedra Fundamental, pois eles nunca buscavam a “verdade verdadeira”. Foram atrás, somente, da ‘’Historia’’ montada e arquitetada por pessoas que se interessaram em construir e relatar uma falsa verdade, contando as suas próprias “histórias”, a efeito do que aconteceu com a própria história de nosso País, desde a sua descoberta até os dias atuais.

(Planaltina em Letras, Ano III, nº 10, p.02, out/dez-2012)

sábado, 15 de dezembro de 2012

MAIS UMA VEZ SEM TETO



            Às vésperas de completar quatorze anos, a Academia Planaltinense de Letras volta a fazer parte do “Movimento dos Sem-Teto”. O espaço que nos fora cedido nas dependências do Casarão Hotel não mais será o ponto de encontro dos intelectuais que, bimestralmente, se reúnem para debater a situação cultural da cidade e os rumos a serem tomados no que diz respeito à literatura planaltinense.
            A proprietária do hotel pediu o espaço de volta, porém, antes de fazê-lo, procurou a Gerência de Cultura de Planaltina e solicitou uma sala no prédio da antiga Prefeitura (situado na esquina da Rua Eugênio Jardim com a Rua Cel. João Quirino), para a acomodação da confraria. A solicitação foi prontamente atendida, e a partir de janeiro de 2013 a APL terá novo endereço, o qual, certamente, será inda mais provisório que o anterior visto que em 2014 haverá eleições e, dependendo dos resultados, mudanças poderão acontecer, o que nos deixa de sobreaviso.
            Desde que foi fundada (em 05/12/1998), a APL vive em busca de “um lugar ao sol” e de um espaço onde possa instalar-se em definitivo, sem riscos de despejos. O fato é que, pela quantidade de Acadêmicos (no total, 34 cadeiras ocupadas) e, principalmente, pelo número de confrades abastados e influentes, a APL já deveria ter instalações próprias, sonho alimentado por um pequeno grupo de confrades.
O Regimento Interno da APL - no artigo 1º, parágrafo único - prevê uma contribuição mensal de 5% sobre o salário mínimo vigente no país (hoje, algo em torno de R$ 30,00), contribuição esta destinada à sua subsistência e às despesas de serviços e promoção de eventos da instituição. Mas, infelizmente, para a maioria dos colegas de confraria o título de “Acadêmico” que ostentam é o que mais importa. E consequência disso é a situação de nômade por que passa a Academia Planaltinense de Letras.

(Planaltina em Letras, Ano III, nº 10, p.08, out/dez-2012)

sábado, 8 de dezembro de 2012



VII ENCONTRO ARTÍSTICO E CULTURAL DA ACADEMIA PLANALTINENSE DE LETRAS (APL)

            Já passava das 20 horas quando o mestre de cerimônia deu início ao VII ENCONTRO ARTÍSTICO-CULTURAL da Academia Planaltinense de Letras (APL), realizado ontem, sexta-feira (07/12), no Salão de Festas do Casarão Hotel.
            Pouco mais de vinte convidados estiveram presentes ao evento, mas como sempre diz o poeta Vivaldo Bernardes de Almeida (patrono da Cadeira 34 da APL), “o que importa não é a quantidade de pessoas na plateia, mas sim a qualidade do público presente ao evento”. E pensando nisso, os poetas Adenir de Oliveira, Elton Queiroz, Joésio Menezes, Kora Lopes, Luis Felipe Vitelli, Mário Castro, Wilson de Jesus e Xiko Mendes, inspirados, “mandaram bem” na declamação de poesias, o que provocou alguns suspiros saudosos e apaixonados entre os presentes. O poeta formosense Vanilson Reis (titular da cadeira 12 da APL) também esteve lá, porém, por motivos de saúde, não participou das declamações.
            E como já é tradição nos saraus realizados pela APL, a música também fez parte da programação, que contou com Marcos Alagoas (voz e violão), Gersinho (violão) e Cristiano (cajón) - abrindo o primeiro bloco de músicas – e Nenzinho (voz e violão), que contou com a participação especial de Cristiano (voz e cajón) para encerrar, com “chave de ouro”, o VII ENCONTRO ARTÍSTICO E CULTURAL da Academia Planaltinense de Lestras.
            Apesar dos imprevistos e dos improvisos de última hora, aos organizadores ficou a sensação de “dever cumprido”. Já ao seleto grupo de espectadores ficou o desejo de outros saraus regados a música e poesia.

P.S: não poderíamos encerrar esse texto sem um AGRADECIMENTO ESPECIAL aos amigos (e ativistas culturais) GERALDO RAMIERE, LUÍS FELIPE VITELLI e CRISTIANO, que não mediram esforços para tornar possível a realização de mais esse evento da APL.