sexta-feira, 27 de julho de 2012


ROBERTO CARLOS RAMBO
Cadeira XXIX
Patrono: Pe. Balduíno Rambo

Roberto Carlos Rambo (ou Padre Rambo) nasceu a 19 de junho de 1964, em Brasilia-DF. Em 1989 formou-se em Administração de Empresas pela AEUDF. Três anos mais tarde concluiu o curso de Filosofia no Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília.
Em 1994, também no Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília, concluiu o Curso de Teologia, quando foi Ordenado padre em 03 de dezembro. Padre Rambo é ecônomo da Arquidiocese e Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, no Lago Sul-DF.
Autor do livro A Pedra de Então, Padre Rambo é Membro Fundador da Academia Planalrinense de Letras, em que ocupa a cadeira de nº 29, cujo patrono é o Pe. Balduíno Rambo.


Pe. BALDUÍNO RAMBO
Patrono da Cadeira XXIX

Nascido em 1905 no município de Montenegro, Pe. Balduíno Rambo viria a ser um dos maiores especialistas de Botânica do Brasil, sendo sua obra reconhecida no mundo inteiro pela riqueza de detalhes e experimentos. Deu aulas de Geografia e Ciências Naturais no Colégio Anchieta em dois períodos distintos: de 1931 a 1934, quando sai para concluir sua formação jesuítica; e depois de 1939 a 1961. Também foi professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde lecionou até seu falecimento, em 1961.
É simplesmente incrível e espantosa a soma de trabalhos que Pe. Rambo realizou em seus 56 anos de vida. Sua dedicação à botânica resultou num acervo de plantas, que, em 1948, já chegava a 50 mil exemplares, cerca de 90% da flora nativa. As publicações científicas passam de 1.600 páginas e por seus trabalhos era conhecido internacionalmente.
Nos anos de 1950 foi convidado para visita às principais universidades dos Estados Unidos e Alemanha, a fim de divulgar seus estudos. Sua primeira grande obra literária foi escrita em 1942: A fisionomia do Rio Grande do Sul trazia um verdadeiro retrato físico do Estado, com texto, mapas e ilustrações paisagísticas, feitas a partir de fotos tiradas em viagens aéreas por todo o território gaúcho. Mas sua maior obra literária e científica, segundo o próprio Pe. Rambo, é seu diário, escrito de 1919 a 1961. São mais de 10 mil páginas escritas em alemão gótico sobre os mais variados assuntos, inclusive suas aspirações e conflitos pessoais.
A brevidade da vida Pe. Rambo não foi obstáculo para sua plena realização. Era um homem superdotado pela natureza, e pela graça, que leu com extrema agudeza os sinais do seu tempo e exauriu todas as possibilidades que este lhe oferecia. Um jesuíta apaixonado que andava no Jardim de Deus com todos os sentidos atentos para ver, ouvir, cheirar, tocar, usufruir de suas belezas e assim poder colocá-las à disposição de seus irmãos.

(MEYRE, Marlise Regina, www.museumin.ufrgs.br)

terça-feira, 3 de julho de 2012

LITERATURA DE CORDEL

Literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou noutra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome vindo lá de Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. O nome cordel foi herdado pelo Nordeste do Brasil (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou, ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbantes.
Os cordéis são escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores (ou cordelistas) recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola. Eles também costumam fazer leituras ou declamações muito empolgadas e animadas a fim de conquistar os possíveis compradores.
O cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de literatura, principalmente na regi~]ao Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares.
De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores e fazem grande sucesso em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Bahia. Este sucesso ocorre em função do preço baixo, do tom humorístico de muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidiana da cidade ou da região. Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, brigas, milagres, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo, morte de personalidades etc.
Em algumas situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças com a presença do público.
Um dos poetas da literatura de cordel que fez mais sucesso até hoje foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Acredita-se que ele tenha escrito mais de mil folhetos. Mais recentes, podemos citar os poetas José Alves Sobrinho, Homero do Rego Barros, Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva), Téo Azevedo. Zé Melancia, Zé Vicente, José Pacheco da Rosa, Gonçalo Ferreira da Silva, Chico Traíra, João de Cristo Rei e Ignácio da Catingueira.
Vários escritores nordestinos foram influenciados pela literatura de cordel. Dentre eles podemos citar: João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.
Muitos historiadores e antropólogos estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscarem informações preciosas sobre a cultura e a história de uma época. Em meio à ficção, resgata-se dados sobre vestimentas, crenças, comportamentos, objetos, linguagem, arquitetura etc.

(Planaltina em Letras, Ano II, nº 8, p.2, abril/junho-2012)