terça-feira, 29 de março de 2011

ORIGENS DA NOSSA LÍNGUA E FALA

Nossa História começa em Portugal, pequeno país na ponta sul da Europa e que se originou da desintegração do Império Romano, habitado inicialmente por celtas e iberos, por volta de 2000 antes desta nossa era. Somente em 1148 d.C os lusitanos vão ter o seu primeiro rei, Afonso Henriques. Nossa língua mãe é a portuguesa, nosso patrimônio, que é, segundo Alfredo Bosi, "língua nascida numa terra exígua territorialmente, mas que se alargou aos cinco continentes, graças ao seu dom expressivo e proteico que lusitanizou, brasilizou e africanizou terras e almas".
O Latim é uma língua indo-européia do grupo itálico usada pelos romanos da Antiguidade e que deu origem às línguas românicas (espanhol, catalão, português, galego, rético, francês, italiano, romeno). Originário da região do Lácio, o Latim expandiu-se a partir do 8º século antes de Cristo e assumiu formas locais (latim vulgar) que se afastaram cada vez mais do registro clássico. O Latim é uma língua altamente flexional, ainda hoje adotada como base da terminologia legal e científica, bem como em alguns textos e rituais da Igreja Católica Romana. Até o século 18, foi a língua internacional dos eruditos e diplomatas.
A primeira literatura produzida em Portugal era composta de baladas de amor, reunidas em livros chamados de cancioneiros. Derivada em parte da literatura provençal, floresceu na corte de Afonso II, a partir de 1248. No século seguinte, surge uma prosa baseada nas lendas celtas e no século 15 é que se estabelece a inportante tradição histórica das crônicas, Especialmente observada na obra de Fernão Lopes. Por outro lado, as origens da dramaturgia portuguesa são encontradas em Gil Vicente no início do século 16. Novas formas poéticas vão aparecer com Francisco Sá de Miranda, que viveu de 1485 a 1558 e estudou por seis anos na Itália. O florescimento dessa poesia atingiu seu ápice durante o Renascimento e com a obra de Camões. Outros nomes que criaram uma tradição de literatura lusitana foram Gaspar Corrêa, que escreveu sobre as conquistas portuguesas na índia; Bernadim Ribeiro, autor de um romance pastoril, e o escritor místico e padre jesuíta Thomé de Jesus. Com seus navegadores lançando-se ao mar, a língua portuguesa chega à América, e ainda atravessará dois séculos para também desdobrar-se numa língua brasileira, a ser expressada por génios como António Vieira, Gonçalves Dias, Machado de Assis, Joaquim de Souzândrade, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Carlos Drummond, Manuel Bandeira, Clarice Lispector e Hilda Hilst.
Nos séculos 17 e 18, Portugal vive sob o domínio da Espanha e a principal influência é a de Góngora. No século 19, com o romantismo, um novo impulso à literatura portuguesa surge na obra de nomes como Almeida Garret, Alexandre Herculano e Camilo Castelo Branco. No século XX, são destaques dessa literatura nomes como Fernando Pessoa, Miguel Torga, Sá-Carneiro, Agustina Bessa Luis e José Saramago, Prémio Nobel de Literatura em 1998.
1989 foi o ano da criação da Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa, que reúne os sete países de fala comum: Portugal, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola.
Hoje, são centenas de milhões de pessoas falando pelo mundo essa língua, que continua se modificando e se multiplicando e que um dia foi definida pelo poeta Olavo Bilac como "última flor do Lácio, inculta e bela..."

(Planaltina em Letras, ano I, nº2 , p.2, out/dez - 2010)

segunda-feira, 21 de março de 2011

ESCRITOR DA APL HOMENAGEIA AS MULHERES EM NOITE DE AUTÓGRAFOS
Na noite da última sexta-feira, dia 18/03, no Salão de Festas de Casarão Hotel, aconteceu a NOITE DE AUTÓGRAFOS do livro Mulheres, Flores e Outros Amores - do professor e poeta Joésio Menezes, da Academia Planaltinense de Letras (APL) -, seguido de um Sarau de Música e Poesias. Como bem sugere o título do livro, quase todos os textos ali publicados exaltam a mulher.
O evento foi comandado pelo professor, historiador e escritor Xiko Mendes, também da APL, que abriu os trabalhos fazendo menção ao dia 8 de março de 1857, data em que cerca de 130 operárias de uma fábrica de tecidos novaiorquina foram trancadas no galpão onde trabalhavam e queimadas vivas, pois reivindicavam melhores condições de trabalho.
Logo de início, por ocasião do DIA INTERNACIONAL DA MULHER (celebrado em 08/03), o poeta Joésio Menezes parabenizou as mulheres presentes e distribuiu flores a cada uma delas enquanto declamava-lhes uma poesia. Em seguida, os poetas Adenir Oliveira, Geralda Vieira, Kora Lopes, Vanilson Reis, Xiko Mendes e Vivaldo Bernardes (todos da APL), recitaram poesias, também em homenagem às mulheres.
E para fechar a noite com chave de ouro, o grupo musical Riacho de Maná ficou encarregado de animar a plateia com clássicos da MPB.







sexta-feira, 18 de março de 2011

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE AFRÂNIO COUTINHO

Há cem anos nascia, em Salvador-BA (15/03/1911), Afrânio dos Santos Coutinho, professor, escritor, crítico literário e ensaísta brasileiro. Em 17 de abril de 1962 foi eleito à Cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras e empossado em 20 de julho de 1962, pelas mãos do acadêmico Levi Carneiro.
Afrânio Coutinho era filho do engenheiro Eurico da Costa Coutinho e de Adalgisa Pinheiro dos Santos Coutinho. Formado em medicina, preferiu seguir a carreira de professor de Literatura e História no curso secundário. Foi bibliotecário da Faculdade de Medicina e professor da Faculdade de Filosofia da Bahia.
Em 1942, embarcou para os Estados Unidos, onde durante cinco anos frequentou cursos na Universidade de Columbia e em outras universidades norte-americanas, aperfeiçoando-se em Crítica e História Literária. Regressou ao Brasil em 1947 e foi morar no Rio de Janeiro. No ano seguinte, inaugurou, no Suplemento Literário do Diário de Notícias, a seção "Correntes Cruzadas" (que manteve até 1961), por meio da qual debatia problemas de crítica e teoria literária. Na Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette, criou, em 1951, a cadeira de Teoria e Técnica Literária, primeira iniciativa do gênero no Brasil. Foi colaborador de vários jornais e revistas literárias de todo o país, bem como do estrangeiro.
Em 1965, criou a Faculdade de Letras da UFRJ. Em 1968, foi nomeado diretor dessa faculdade, permanecendo no cargo até aposentar-se, em 1980. Foi ele quem também criou a Biblioteca da Faculdade de Letras, reconhecida como uma das melhores do gênero no Rio de Janeiro.
Na sua trajetória de vida, o soteropolitano Afrânio Coutinho construiu uma vasta biblioteca particular, que se tornou a base para a criação, em 1979, da Oficina Literária Afrânio Coutinho (OLAC), destinada a promover estudos na área da literatura, ministrar cursos e conferências, e receber escritores nacionais e estrangeiros. Hoje a Biblioteca pertence à Faculdade de Letras da UFRJ.
Afrânio Coutinho faleceu em 5 de agosto de 2000, no Rio de Janeiro, deixando-nos como legado uma vasta obra literária. Antes, porém, coordenou a elaboração da Enciclopédia de Literatura Brasileira (obra em dois volumes), publicada em 1990 e reeditada em 2001.

(Planaltina em Letras, Ano 1, nº 3, p.2, jan/março-2011)

sábado, 12 de março de 2011

Convite
A Academia Planaltinense de Letras convida Vossa Senhoria e Excelentíssima família para a NOITE DE AUTÓGRAFOS do livro Mulheres, Flores e Outros Amores, do acadêmico Joésio Menezes, a realizar-se às 19h30 do dia 18/03/2011 (sexta-feira), no Salão de Festas do Casarão Hotel, à Praça Cel. Salviano Monteiro Guimarães (Praça do Museu).

sexta-feira, 11 de março de 2011

HOSANNAH C. GUIMARÃES
(Patrono da Cadeira XX)

Filho de Salviano Monteiro Guimarães e Olívia Campos Guimarães, Hosannah Campos Guimarães nasceu a 31 de outubro de 1905, em Planaltina.
Cursou medicina no Rio de Janeiro, formando-se em 1929 na especialidade de clínica geral e retornando à sua terra natal, onde exerceu o ofício até os 70 anos de idade.
Paralelamente à profissão de médico, comercializou gados, foi líder dos fazendeiros na região e exerceu diversos cargos políticos, dentre os quais: Prefeito de Planaltina, Vice-Governador e Governador do Estado de Goiás.
O médico Hosannah Campos Guimarães foi personagem importante no convencimento de proprietários em relação à desapropriação das terras para construção da nova capital.

terça-feira, 8 de março de 2011

Homenagem da Academia Planaltinense de Letras às Mulheres, por ocasião do DIA INTERNACIONAL DA MULHER
MULHER
(Vivaldo Bernardes de Almeida)

Conheço-te, Mulher, conheço-te inteira,
da tua altiva tez aos delicados pés.
Singrando o mar da vida, és a timoneira.
Por mais palavras ouço, escondes-me quem és.

Escondes-me quem és, por mais palavras digas.
Só podes ser divina, a te esconderes tanto,
pairando em longes sóis, em que feliz te abrigas,
pois és igual em tudo, ao que há de mais santo.

Nas horas mais difíceis, horas de ansiedade,
o Homem te procura, à busca da verdade
que trazes junto a ti, na fala esclarecida.

Por fim, não sei dizer de onde tu vieste,
mas sei, daqui não és, e sim do azul celeste,
da mais brilhante estrela, e aqui estás perdida.


A MULHER QUE EXISTE EM MINHA VIDA
(Xiko Mendes)

A Mulher que existe em minha vida
É aquela que assume, sem medo,
Sua condição feminina
Como dimensão plena de liberdade.
É aquela que não abre mão de seu maior
Projeto de Vida: ser livre e feliz!
E só são felizes e livres
As pessoas que apalpam galáxias,
Tocam os céus,
Conversam com estrelas,
E dialogam com a Natureza
Observando o vagar silencioso
Do caminhar como busca
Constante da vida e do amor.

A Mulher que existe em minha vida
É a mulher-águia: desconhece barreiras
Por que sobrevoa ao longe e perto de seu coração
E nesse ir e voltar de sonhares incessantes,
Reconhece que o limite da Felicidade é a
Busca absoluta do Universo que existe dentro de nós!

A Mulher que existe em minha vida
Não tem traços étnicos;
Não é branca, negra, amarela, morena...
Ela é um arco-íris com a força do vento
E a coragem de um pássaro.
E, num explodir de luzes que acendem o Mundo,
Ela vai aos poucos colocando luzes
Que apagam as trevas do preconceito,
Da indiferença e do desamor.

A Mulher que existe em minha vida
Tem cheiro de fêmea.
Mas não se satisfaz apenas com o odor do sêmem
Porque é ainda maior que essa felicidade instantânea
Onde a libido muitas vezes está cercada de rótulos
Como o do "Sexo Frágil".
Porque a Mulher que existe em minha vida
Identifica no encontro dos sexos a satisfação plena de
Ser a dona da chave que abre o Mundo para a Vida,
A Felicidade, a Liberdade...
E o Prazer, ambos compartilhados,
E de igual para igual.

A Mulher que existe~em minha vida
Contempla todas as manhãs como se
O Mundo fosse uma eterna primavera;
E a Vida um orgasmo permanente.
E vai construindo, sem medo e sem fronteiras,
O seu direito de ser livre e feliz
Tecendo os fios de sua história, em silêncio;
Reconstituindo seus fragmentos de existência
Na sua relação com aquele já quase extinto
"Mundo dos homens"
Que via a Vida só sob o ângulo do Macho e Fêmea;
Ou com o "mundo das cores",
Que Separa a beleza por critérios de valor,
Etnia e anatomia;
Ou com o "mundo mercador de ilusões calipígias"
Que vende a beleza em passarelas,
Vulgarizando e ofuscando a percepção
De ver em cada mulher
A singularidade de ser especial: única
Nas suas idiossinerasias de ser
Construtora de fantasias e de seu próprio sonho.

A Mulher que existe em minha vida
Tem instinto de Mãe.
Não apenas a mãe como arché universal
Na arquitetura biológica da Existência.
Mas a mãe como esfera de miragem estética
De onde se enxerga o Belo, o Maravilhoso,
O Universo e o Impossível!


A IMPORTÂNCIA DA MULHER
(Joésio Menezes)

Pouco importa-me a sua cor,
Se é negra, branca ou albina;
Pouco importa-me se tem ou não pudor,
Se é recatada ou messalina.

Se por mim tem ou não amor,
Isso é coisa que não me desatina!
Importa-me apenas a obra que o Senhor
Deixou ao mundo, delicada e feminina.

Pouco importa-me seu grau de maturidade:
Se está na menopausa ou na puberdade,
Se é de meia-idade ou debutante.

O que mais importa é que a mulher,
Sabendo ou não da vida o que quer,
Dos seres é o mais importante!

domingo, 6 de março de 2011

NO SEMÁFARO, EU MENDIGO
(Elias Leite)
Tive terras, tive amores,
tive sonhos, tive cores.
Dei gritos, pulei cordas,
subi árvores, senti dores.
Menino traquino, peralta e franzino,
corre praças,
faz graça.
ri das desgraças
e um dia perde uma perna.
Tombo grande daquele cavalo,
no âmago o grande abalo.
Distância da escola.
distância do "pique- esconde",
distância dos colegas e da bola.
Destino diferente do nobre
ali ao lado do semáforo aquele pobre,
pedindo com sua mão estendida,
no coto da perna destra
uma grande ferida
que não sara e marca a sua vida.
Milhares de carros passam...
"Não me veem
porque não estou nos livros de História
nem na televisão,
são indiferentes.
mas tenho história".

sábado, 5 de março de 2011

FALENA
(Francis Paula)
Ela não soube entender
Que a noite virava dia.
Queria brincar com estrelas,
Correr campos, velejar,
Beber a sede das ruas,
Queimar a luz do luar,
Lavrar o corpo no grito:
Mil nomes p'ra segredar.

Não tinha o saber da aurora:
Espaços para equilibrar.
Falena nefas, falida,
Teimando em voejar.

Meus olhos - farol binário
No foco do seu olhar –
Procuravam pirilampos
Para seu sonho clarear.

Mas no miolo da noite,
Outra noite acontecia
E o que era transluzente,
Aos poucos escurecia
Como ondas nebulosas
Sufocando, envenenando,
Roubando o nascer do dia.

sexta-feira, 4 de março de 2011

MEU BARRACO
(Mário Castro)
As tábuas arqueadas fortes
armadas nas grades frágeis
guardam de seus prantos, mortes
nos seus braços largos e ágeis.

Dos giraus, pedras, dormida
descanso da moça branca
chão penso, preço da vida
caminho da estrada franca.

Sol amargo para retina.
Imagens de noção caótica
plano do medo da rotina
fuga mórbida e exótica.

Meu barraco
meu barraquinho
em seus braços canta o passarinho.

Gota da chuva, celeste
Cumeeira astuta, sobrado
rede do doente da peste
traços de um passar passado.

Si, nada vê o psicopata
mor das vistas sem lembranças
do terno aceso e gravata
que só percebe a finança.

Si, vejo o mundo esquecido a
labuta sem bandeira
brado de um sentir unido
vida exposta na madeira.

quinta-feira, 3 de março de 2011

VERSOS TRISTES
(Nilton Alves)
Eu conheci o amor
No exato instante em que conheci você.
Desde que você me matou - me dizendo adeus -,
Nunca mais vi a vida: embora tenha visto tanta coisa,
nada enxerguei!...

O limite da esperança é o desespero.
O limite do amor é o ódio.
O limite da tristeza é a vontade de não mais viver.

O poeta disse certa vez que "se existir uma pulga
Numa mesa escura, numa noite sombria, Deus a vê",
Mas parece que até mesmo Ele, Deus,
Se esqueceu de mim!